Para os produtores de suínos e profissionais da área, não é novidade que a suinocultura contemporânea atende os mais rigorosos padrões ambientais e sanitários. No entanto, nem todos pensam assim. Parte da população brasileira ainda associa o animal a locais sujos, malcheirosos e malfeitos. Por isso, desafios tão grandes e tão importantes quanto o melhoramento genético, o aumento do valor nutricional da ração ou o controle fitossanitário, é também melhorar a visão que a sociedade tem da produção suína.
Mas, afinal, como melhorar a imagem da suinocultura? Como essa melhora afetaria os lucros? E por que o meio ambiente é peça fundamental nesse processo? O ponto central para a melhoria da imagem da suinocultura é a adoção do chamado Marketing Verde ou Ecomarketing.
O Marketing Verde nada mais é do que um conjunto de ações, as quais objetivam o aumento das vendas e demonstram aos consumidores, ou interessados, o quanto a empresa está engajada na preservação do meio ambiente. Em outras palavras, além de fazer com que a granja suína não seja mais vista como um local desagradável e poluidor, o ecomarketing se torna a ferramenta capaz de vincular a suinocultura a uma imagem ecologicamente correta.
E de quais vantagens, de fato, uma granja poderia desfrutar? A primeira delas se relaciona com a vantagem de custo. A adoção de boas práticas ambientais é a base para todo o processo de ecomarketing, pois antes que um empreendimento se diga sustentável, ele deve, de fato, adotar práticas sustentáveis. Práticas que visam, por exemplo, reduzir o consumo de água, energia, ração, diminuir os riscos sanitários ou os gastos com tratamento de efluentes são capazes de reduzir, também, os custos de produção e com possíveis multas ambientais, otimizando o processo e elevando os lucros.
No entanto, o mais interessante a respeito do Marketing Verde aplicado à suinocultura é que grande parcela das granjas mineiras já possui excelentes práticas ambientais em sua rotina. O tratamento dos efluentes e posterior fertirrigação, não lançando os dejetos nos rios; a geração de energia através de biodigestores; a captação de água de chuva; as composteiras e a destinação correta dos resíduos sólidos são exemplos amplamente difundidos nas propriedades licenciadas da região.
Ou seja, a etapa fundamental para o Marketing Verde já faz parte do dia a dia da suinocultura. O que falta é a percepção por parte dos produtores que a divulgação de boas práticas ambientais pode ser extremamente vantajosa e que resulta na melhoria da imagem das granjas, assim como na valorização da carne suína e o posterior aumento dos lucros.
Outra grande vantagem que se pode obter por meio do Marketing Verde é a adequação aos novos princípios e exigências do chamado “Mercado Verde”, ou seja, o mercado de produtos sustentáveis. Grandes empresas alimentícias, que são a ponta da cadeia suinícola, como os Grupos Pão de Açúcar, Carrefour ou Walmart e consumidores individuais, têm sido cada vez mais exigentes na obtenção de seus produtos e escolha de fornecedores. Chegam a pagar preços mais elevados por produtos sustentáveis e excluem de suas listas de compras, produtores que não respeitam o meio ambiente. Ou seja, os produtos sustentáveis, incluindo a carne suína, possuem maior valor agregado que os tradicionais, além de gerarem maior empatia do público, resultando, assim, em um aumento das vendas.
Pensando ainda sobre os consumidores e empresas que buscam produtos sustentáveis, há quem questione que esse mercado ainda é muito restrito e, dessa forma, não representaria grandes ganhos às granjas. De fato, o mercado ainda está em fase inicial, mas as grandes empresas do planeta vêm fazendo cada vez mais investimentos em sustentabilidade, inclusive, conforme dito, selecionando fornecedores que adotem boas práticas ambientais. Sendo assim, é questão de tempo até que Mercado Verde se torne realidade em todo o país. Somado a isso, um mercado em estado embrionário apresenta grandes possibilidades para os que pretendem se inserir nele, já que a concorrência é praticamente inexistente e a possibilidade de lucro é quase infinita.
Portanto, a adesão ao Mercado Verde deve ser vista, hoje, como uma oportunidade e, no futuro, como uma questão de sobrevivência. Fica claro que o investimento em Marketing Verde deve ser entendido como prioridade em todo o setor suinícola, pois é a única ferramenta capaz não só de otimizar processos, elevar os lucros e atender as constantes exigências por um mundo sustentável, mas sim de mudar a suinocultura de patamar, desfazendo preconceitos sobre a carne suína e promovendo uma aceitação nunca vista. E então, você se convenceu que deve melhorar a imagem da sua granja?
Texto: Iago Schimidt
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